11 de fevereiro de 2009

E o carequinha vai para ?

Eu costumo dizer aos meus amigos que em tempos de Oscar eu me sinto muito 3º mundo. A lista mais aguardada do ano ( para alguns é claro) com as indicações de melhor filme , sai e na maioria das vezes alguns dos selecionados nem chegaram por aqui. Daí a gente tem que apelar né, ler tudo o que puder e hoje contar com o recurso " baixar na net".
Por sorte esse ano foi super diferente e alguns filmes apareceram por aqui antes da lista da Academia. Mais legal ainda foi a discussão que essas indicações causaram, polêmicas e indignações! Onde já se viu, o filme mais comentado do ano ( Batman - O cavaleiro das trevas) ficou fora das indicações de melhor filme e diretor!?!?!?
Não vou entrar nesse mérito e se tudo der certo pretendo dar meu parecer dos indicados o mais rápido possível ( sim, consegui ver todos dessa vez , antes da festa).

Vou começar com a maior surpresa na categoria melhor filme , O Leitor (The Reader, EUA/ Alemanha, 2008). Eu digo surpresa pois foi justamente essa produção de deu um chega pra lá no morcegão. Eu li bastante sobre a repercussão do filme, há quem diga que ele só figura na lista por conta de um grande trabalho de divulgação de Harvey Weinstein , ninguém menos que o dono da Weinstein Co., produtora do filme. Há quem discorde dizendo que o enredo é sensacional ou ainda que só está lá porque nossos amigos da Academia a-do-ram um histórinha sobre o holocausto.

Divergências à parte, vamos ao filme. Acompanhamos a história de Michael Berg ( David Kross) que se apaixona e se envolve com uma mulher mais velha , Hanna Schmitz ( Kate Winslet).O rapaz tem 15 anos e rola toda aquela admiração e surpresa pelo novo , afinal de contas a mulher ensina tudo à ele, TUDO mesmo. O affair é lindo por um verão, eles se encontram na casa dela e antes de irem para a cama , ele lê pra ela, daí o título do filme. Tudo ia bem até o dia em que ela some da vida do rapaz, e arrasa o coração do mocinho. Anos se passam, e vemos nosso Michael um estudante de direito que vai acompanhar um julgamento pela primeira vez. Normal se não fosse por o caso em questão ter no banco de réus a própria Hanna, acusada de matar 300 judeus durante o holocausto.
Bom, essa história toda é contada por Michael na versão adulta ( interpretado por Ralph Fiennes), que tem a vida completamente modificada por esse caso juvenil.
O filme tem uma temática ótima, romances assim rendem dias de discussão, o problema é que o diretor Stephen Daldry ( em seu 3º longa) parece se perder diante de tanta informação.São várias histórias ( o romance, o julgamento , os motivos) que de certa forma vão se acumulando mas não se completam. Isso para mim é a parte ruim, coisas novas acontecem e ao mesmo tempo parecem não alterar em nada o que estamos vendo.

Mas calma minha gente, vamos agora a parte boa da história. O longa coloca em questão nossos valores, até onde iríamos para esconder um segredo. Em cheque também nossos julgamentos e o que é importante para mim e parece ser nada para você. Nossa protagonista não sabe ler e isso determina todas as decisões dela, mas a moça não admite isso jamais. Daí você pensa "mas que estúpida, é mais fácil assumir que é analfabeta a ser presa" ( vocês verão a ligação disso no filme). E isso mexe com a questão de valores e julgamentos, ponto pro filme! Quando Michael tem a chance de dizer ao júri que a moça é analfabeta e talvez aliviar a sentença dela, e não o faz, muitas dúvidas aparecem. Afinal, se ele a ama tanto por que não ajudá-la? Por outro lado, será que ela é mesmo culpada por todas essas morte!? E aí? É justamente por nossa mania de julgamentos que tomamos decisões que alteram (pra pior ou melhor) a nossa vida inteira.
Durante o filme, eles ficam anos sem se ver e é justamente nesse momento que o filme se divide. O ápice é mesmo o julgamento, a gente fica na dúvida se Hanna é ou não culpada pelos crimes.


Vocês vão ver que há momentos " soco no estômago" na produção , e as vezes é notória a semelhança com um outro filme de Stephen, As Horas, com levadas de diálogos lentos, cansados, e exploração total da protagonista (como ele fez com Nicole Kidman).
O roteiro é bom , baseado no romance de Bernhard Schlink , a atuação de Kate é louvável, sensacional! A história não seria a mesma sem o talento dessa inglesa. A indicação de melhor atriz é justíssima!

Ah, resumindo, vale muito a pena assistir! E não pensem que eu estou ficando louca, tenho minhas críticas mas gostei, e muito, do longa.

O filme foi indicado nas seguintes categorias: Melhor filme, direção, atriz, fotografia e roteiro adaptado. Eu sinceramente acho que ela leva o de melhor atriz, vamos ver.

beijos

Um comentário:

joaopj disse...

Com certeza o oscar de melhor atriz já tem dona.