31 de maio de 2010

Referências infantis

Eu tô ficando velha ou a gurizada de hoje perdeu completamente as referências?

Óia isso, domingão eu na casa de uma amiga quando do nada a filhota dela de oito, eu disse 8 anos, me aparece suspirando pelo Zac Efron... nem me lembro qual era o assunto , mas ela desceu as escadas feito uma louca pedindo pra mãe colocar no Disney Channel que ela PRECISAVA (pode ler bem alto e em tom de desespero mesmo) ver o Troy (pros desavisados, personagem do High School Musical).

Depois disso eu fiquei pensando se eu era muito lesada ou se na minha época (vejam bem, já tenho meus 20 e tantos anos) as coisas eram mais divididas mesmo, isso é para adulto, isso é pra criança... esse é menino e essa é menina, e por aí vai.


Veja bem, aos 8 eu ainda corria para frente da TV pra tomar café com a Xuxa (os olhos já coçam só de lembrar dela gritando “quem quer tomar café comigooo?!?!). Meu sonho era subir na nave e acenar pra mamãe lá embaixo no palco, mandando um beijo “pro meu pai, pra minha mãe e pra você”, olha que candura!


As coreografias que eu sabia ou eram das Paquitas, ou do Balão Mágico (adooooro!), ou cover da Xuxa (de novo!). Imagina se eu ficava por aí rebolando ao som de alguma mulher fruta da vida ou um batidão “safadinho” nas festinhas de aniversário! Que nada!


Eu tinha pesadelos com o Fofão (aquelas bochechas me matavam de medo!), acordava aos prantos na madrugada achando que a boneca da Xuxa (again??) ia me matar já que alguém me disse que ela tinha vendido a alma pro coisa ruim.


Eu queria ser a Simony (naquela época hein, pelo amor de Deus!!), queria vencer o Baixo Astral (êêê Guilherme Karan), ser amiga de algum ursinho carinhoso e ajudar a princesa Sara e o cavalo de fogo a salvarem o mundo e trazer a harmonia ao reino (que lindo!)


Cinema?? O filme que abalava as minhas estruturas era Lua de Cristal e, se você me disser que não chorou ao vê-lo, garanto que está mentindo! Tá bem, pode não ter chorado, mas sabe a letra da música isso sabe! A telinha era infantil, as histórias eram doces, ingênuas, infantis.


A gente pirava nas aventuras dos Goonies, queria caçar tesouros também. Gostava dos Batutinhas, queria que o Alfalfa fosse aceito pela turma e ficasse com a Darla e tinha até vontade de comer pickles por causa do filme rs (que cuti cuti de mamãe!!). Crianças minha gente, éramos crianças.


A gente não discutia novela, e a tv era pra ver desenho animado, os heróis da tv manchete e o “xou da Xuxa” (é claro!). O cinema não era tão presente na minha vida nessa época, me lembro que o primeiro filme que vi foi o “Esqueceram de mim”, em 1990. Depois disso viciei, mas isso é outra coisa.


Enfim, só uma pontinha de saudades mesmo, na verdade o episódio de domingo só reforçou a minha certeza (credo!) de que minhas referências culturais na infância foram ótimas obrigada!

beijos

24 de maio de 2010

Fúria de Titãs

Não vá ao cinema esperando se deleitar em mitologia grega ao assistir o recém-chegado Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010). Nada disso. Se prepare para um roteiro fraco, ótimas lutas,muita ação e belas pernas (descupem não pude me conter!).

A premissa é essa: Zeus (Liam Neeson) e Hades (Ralph Fiennes) estão chateadinhos pois a humanidade não quer mais saber deles. Enquanto Zeus quer que os homens o adorem, Hades quer que eles o temam.No meio dessa briga está o semideus Perseu (Sam Worthington) que resolve não aceitar sua porção divina e se revolta contra os céus.

Originalmente,o motivo da revolta de Perseu é a princesa Andrômeda.Hades diz que só vai livrar a humanidade do caos se a princesa for sacrificada. Por amar Andrômeda, Perseu vai pra cima dos caras para salvar sua amada e de quebra o resto da turma. Esse amor lindo, que impulsiona a história, foi banido da versão do francês Louis Leterrier (o mesmo de O Incrível Hulk, tirem suas conclusões) ao invés disso o moço tem a família massacrada pelo deus do mal e quer vingança.
Do outro lado um Zeus sem sal nem açúcar torce pelo filho bastardo.

Mitologia??? Passou longe, há indícios apenas nos nomes dos monstrinhos que Perseu tem que enfrentar. O roteiro é fraco, os personagens não dizem a que vieram e o que ainda salva é o carisma do protagonista (mas eu sou suspeita). O filme é tão cronometrado, que a impressão que temos é a de um videogame , o Perseu vai passando de fase, mudando de nível até chegar no game over.

Ainda bem que a produção não é longa, caso contrário seria chato esperar o herói mudar da fase para salvar a mocinha. Enfim, se você já viu o original de 1981 nem perca tempo (para as mulheres eu indico pelas pernas rs). Agora, se você quiser um pouco de ação para quebrar a semana monótona, vale a pena sim, paga o ingresso. Não manjo muito, mas ouvi dizer que fizeram uma gambiarra na questão do 3D. Mas como essa não é minha área, eu passo.

É uma pena, pois o filme tinha tudo pra ser um arrasa quarteirões... alguma coisa deu errado. É isso, me contem depois.

beijos

21 de maio de 2010

Matadores de vampiras lésbicas

De uns tempos pra cá só se fala em vampiros. Ainda mais depois da febre que Crepúsculo desencadeou. Mesmo quem nunca gostou de filmes de terror (tudo bem que não dá pra classificar a saga vampiro-adolescente nessa categoria, seria insulto) mesmo assim, até essa turma hoje em dia gosta.

Pois bem, o fato é que com essa moda de vampiro moderno que brilha no sol, tem crise de identidade, bebe sangue engarrafado e mais um monte de coisas não tão morta-vivas, nunca mais se viu aquele velho filme de vampiro, com sangue jorrando, marca de dentes, estacas no coração, seres das trevas com o coração inundado de ódio e que pouco ligavam se a gente gostava ou não deles, o negócio era sugar pescoço.


Deliciosa surpresa o inglês "Matadores de Vampiras Lésbicas" (Lesbian Vampire Killers, 2009). Original. Um filme que lança mão de todos os clichês possíveis e imagináveis para rechear o filme de situações hilárias e personagens caricatos. A história? Dois amigos perdedores caem na estrada depois que um deles leva um simpático pé na bunda. Um é o nerd certinho, o outro o gordinho louco que não pega nem gripe e topa tudo.

O sobrenatural da história é a lenda de Carmilla, vampira que foi morta pelo barão McLaren e antes de morrer lançou uma maldição sobre a cidade (igual o Bento Carneiro rs). Toda menina ao completar 18 anos se tornaria vampira. Tudo certo se o tímido e desajeitado Jimmy (Mathew Horne) não fosse o último da linhagem do barão. Agora ele e e Flecht (James Corden) seu amigo, terão de lutar para salvar a mocinha , uma daquelas quatro que foi para o hotel, só que as outras três foram mordidas. Aí sim, começa a festa.

Com a ajuda de um vigário, eles terão que se transformar em matadores de vampiras lésbicas para sobreviver e impedir que a profecia da Lua Vermelha se concretize e Carmilla ressurja e domine o mundo. A vampira mestra quer unir o sangue do descendente do barão com o de uma virgem. Coincidência exagerada ou não, Lotte (MyAnna Buring), a mais inteligente do grupo, é uma virgem e, com a iminência da morte, está louca para resolver esta questão.

A partir daí é uma sucessão de clichês e diálogos hilários e o mais sensacional, os créditos vão todos para diretor Phil Claydon, que transformou o que tinha tudo para ser péssimo em uma divertida história de mortos-vivos, quase que a moda antiga. Super recomendado, diversão garantida. Se não fosse o mão santa do diretor, seria mais um blá blá americano.

Ah, para você querido Robson Bertolino: Yeãããh

beijos

3 de maio de 2010

Apenas uma vez

Em um período recheado de estreias milionárias, efeitos fabulosos e imagens sensacionais, o texto é sobre uma produção irlandesa , discreta e encantadora. Não um elenco de peso, mega famoso, mas uma reunião de notinhas, uma escala perfeita que dita o enredo e arrebata quem assiste. Deleite para os olhos e, principalmente, para os ouvidos. A música é a protagonista.

"Apenas uma vez" (Once, Irlanda 2006), tem aquele ar desleixado, com cara de filmagem caseira. Não tem roteiro estabelecido, tem personagens centrais sem nome, romance sem beijo e ainda assim, uma história de amor belíssima.

Peralá, antes de fazer cara feia e dizer "lá vem ela com essa meninice" saca essa. A história se passa em Dubln, na Irlanda. Um músico de rua conhece uma imigrante pianista e com ela inicia uma colaboração musical. Em todo tempo é notável o interesse de ambos um pelo outro, mas nada acontece. A medida em que canções vão sendo criadas, vai nascendo um sentimento tímido, receoso, medroso e inocente.

A música é o laço. Imagine essa cena: Uma loja de instrumentos, ela ao piano e ele com seu violão surrado. Aos poucos as notas vão surgindo,uma letra simples e direta, a descoberta um do outro, da canção, do talento, da sensibilidade. É de arrepiar.

O diretor e roteirista John Carney cria um ambiente real, as pessoas no filme são reais, os problemas são reais, os defeitos também. Não há quadros mirabolantes, roteiros complexos, falas extensas. Há o cotidiano, a simplicidade, a beleza da descoberta. Não se espante se, ao ver o longa tiver a impressão de que as cenas foram criadas de acordo com a gravação. Foi exatamente o que aconteceu, nada planejado.

A única coisa certa desde o princípio era a canção. O diretor chamou o músico irlandês Glen Hansard, lider do The Frames, para compor a trilha, que por sua vez convidou a pianista tcheca Marketa Irglova para uma parceria. O resultado: Oscar de melhor canção original para "falling slowly" (2008) e os dois músicos como o casal protagonista. Ah, o diretor foi contrabaixista no The Frames até 1993.

As canções são executas com paixão, com alma mesmo, os dois estão entregues,algumas sequências parecem verdadeiros videoclipes, pois a música é que comanda as ações dos personagens. Essa harmonia exemplifica perfeitamemnte a sensação que temos de estarmos vivendo a vida dos dois, lado a lado com o casal, com a câmera sempre acompanhando de perto os dois, em um tom documental.

Apenas uma vez não é uma produção que usa a música como coadjuvante mas sim como tema.A música não é inserida após a ação e sim o contrário. O romance não é físico, está no processo criatvo dos dois, na evolução musical, na cumplicidade e há poucas coisas tão românticas quanto a cumplicidade.

É uma bela metáfora de início de relacionamento. Uma nota tímida aqui, um aprendendo com o outro ali, os dois buscando os mesmos acordes. O futuro pode ser um álbum ou apenas uma canção isolada, seja ela perfeita ou fora do tom. As chances e os riscos do relacionamento rumarem por um caminho ou o outro são infinitos. As chances dessa junção de notas resultar e uma bela melodia são as mesmas do temido acidente musical.

Adaptações, notas sustenidas, acordes em bemol serão necessários. A vida pode ser uma música e parte do processo de amadurecimento é sentir a melodia e escrever sua própria partitura.

beijos