19 de agosto de 2010

Paris, Je t´aime

Me agrada muita a ideia de universos particulares. Sem apologias ao cd da Marisa Monte (que tinha alguma coisa a ver com particular) mas a ideia de que na historia de uma megacidade há diversas “nanohistórias” muito me apetece.

Naquela calçada esburacada , os buracos já viram muita coisa. A senhora da banca, o tiozinho da padoca, o motorista de todos os dias... toda essa gente em algum momento fez parte de alguma coisa especial na vida de alguém. A cidade fala.

Paris, te amo (Paris, Je t´aime, 2006) é uma bela dica pra quem curte particularidades. O produção reúne gente de peso, em 18 curtas-metragem que compõem o filme. A ideia? Narrar o amor na cidade luz! Gente que também tem história com a cidade do romance, nomes vindos dos EUA (Gus Van Sant, irmãos Cohen, Wes Craven, Alexander Payne, Vincenzo Natali, Richard LaGravenese, Bruno Podalydès), Europa (Olivier Assayas, Frédéric Auburtin, Sylvain Chomet, Isabel Coixet, Gérard Depardieu, Tom Tykwer), África (Oliver Schmitz, Gurinder Chadha), Ásia (Christopher Doyle - australiano, mas mais conhecido por ter dirigido a fotografia de oito filmes do chinês Wong Kar Wai -, Nobuhiro Suwa) e América Latina (Alfonso Cuarón e os brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas), levam o espectador à diversos cantos da capital francesa, cada um com uma história diferente e que têm em comum o amor. Todas elas são permeadas por ele.

Mais legal que essa diversidade de diretores é como o toque de cada um é percebido nos curtas. Tuileries é dos irmãos Cohen , sendo assim é bem nítido o nonsense característico da dupla. Ironia reina lá também. Vincenzo Natali leva, em “Quartier De La Madeleine” vampiros para Paris. enquanto Wes Craven leva poesia (vejam vocês) e romance em um cemitério com participação de Oscar Wilde (direto do além) em “Père-Lachaise”.Walter Salles e Daniela Thomas mostram o drama de uma imigrante que deixa o filho pequeno todas as manhãs na creche, atravessa a cidade para cuidar do filho de uma madame no curta “Loin du 16ème”.

Como sempre, uma história bem doída. E por aí vai. Gus Van Sant no terceiro curta da exibição, Le Marais (4º arrondissement), traz a dificuldade de comunicação. Nesse caso o idioma é a barreira, mas a mensagem não para na diferença de línguas. Para se comunicar é preciso bem mais que saber um outro idioma.

As abordagens são variadas, afinal são 22 grandes cineastas e mais uma pilha de artistas renomados que homenageiam em 18 curtas a capital francesa. Super recomendo.

Na outra ponto, o projeto segue em outra grande cidade, Nova York. A premissa é a mesma, em Nova York, eu te amo (New York, I Love you, 2009) mais uma vez um grupo de gente de peso se reúne para mostrar as diversas caras da cidade. A diferença? O ritmo é outro, mas de alguma maneira a produção americana perdeu o charme do piloto francês. Aqui, as histórias parecem depender umas das outras, há uma ligação que não é a cidade. Há menos liberdade também, não transmite o estilo “crie e filme uma história depois me manda”. É mais um “tem que ser assim e assim pra encaixar no todo”, entenderam?

Mesmo assim vale a pena assistir, há histórias belíssimas como a dirigida por Shekhar Kapur e protagonizada por Shia Labeouf e Julie Christie ou a de Shunji Iwa com Cristina Ricci e Orlando Blom. O diretor Brett Ratner (de X-Men) apresenta uma história deliciosa também, com os jovens Anton Yelchin e Olivia Thirlby. Vale conferir.

Destaque também para as estreias de Natalie Portman e Scarlett Johansson na direção. Há rumores de que o próximo, Rio eu te amo, vá para as salas em 2011. Vamos ver.

beijos


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