7 de janeiro de 2012

Românticos anônimos

Filmes franceses são sempre surpreendentes. Os dramas e romances geralmente são de cortar os pulsos (com faca de rocambole de preferência), os históricos e biográficos louváveis e as comédias... ah as comédias. Tão leves e inteligentes que há quem diga que nem são engraçadas (pobres pessoas).

Essa semana me encantou o longa Românticos Anônimos (
Les Emotifs Anonymes, 2010). A situação nos é familiar. Uma sensação de pânico total quando se está perto de alguém por quem sentimos alguma atração, ou, diante de plateias. Pessoas tímidas entenderão bem o que eu digo. Aquela hora em que o universo (e automaticamente o seu coração) param quando você tem que simplesmente perguntar as horas à um estranho, receber um elogio, fazer alguma apresentação... enfim. O pânico que toma conta da gente quando a palavra "relacionamento" entra na história. E aí não apenas no sentido amoroso, interagir é sofrível pra gente.


Agora, se para uma pessoa normal isso já é complicado, em se tratando de questões do heart, imagine para uma pessoa tímida. Pegue tudo o que escrevi acime a eleve à décima potência e você terá o cenário da vida de
Angélique (Isabelle Carré) e Jean-René (Benoît Poelvoorde). Ele dono de uma chocolateria em falência e ela uma chocolateira de mão cheia que, por conta desses probleminhas de timidez não consegue faser uso de todo esse talento.

Pegue como pano de fundo essa delícia chamada chocolate. Seu preparo, suas formas, diferentes sabores e cores... hum... é justamente ele que liga os caminhos de Angélique e Jean-René.

É uma comédia despretenciosa e nos 15 primeiros minutos você meio que já imagina o que vai acontecer mas daí já é tarde, você já estará completamente envolvido pela magia da história. As situações cômicas, o desespero no diálogo entre os personagens (que dão até agonia na gente de tão real) e o excelente time de coadjuvantes tornam esse longa de 80 minutos uma experiência saborosamente inesquecível.

Românticos anônimos tem um roteiro espirituoso e inteligente. Química total entre os protagonistas e, como disse, um time de peso para dar apoio. A trilha é algo para se prestar atenção também. Eu confesso ser fã de comédias românticas. Já vi de tudo, mas acredito ser a primeira vez que alguém retrata tão bem a aproximação de duas pessoas tímidas. Quem está nesse barco sabe do que eu digo (ou quem acompanhou alguém desse jeito também sabe), é realmente penoso. Por mais que a vontade de estar junto e gritar aos quatro ventos o que se sente, acredite, as vezes a vergonha é maior e a gente.


Por isso, eu digo com conhecimento de causa: por mais cômicas e absurdas que as situações do filme pareçam elas imitam sim a vida real.

Dica: se prepare para sair do cinema se sentindo amigo do casal e com uma vontade louca de comer chocolate.

Corra lá, veja e depois me conte.
beijos